sexta-feira, dezembro 6

Ontem perdi um naco de pele da palma da mão direita ao usá-la como apoio após perder o equilíbrio. Depois da enrolação habitual, dei o braço a torcer e resolvi tratar a ferida com Merthiolate - coisa que eu não fazia desde os tempos de criança estabanada. Logo comecei a alimentar uma certa expectativa pelo momento em que meu machucado queimaria como fogo. Afinal, reviver tal sensação poderia desencadear uma sequência de lembranças e me levar a escrever um marco da literatura existencialista. Nostálgico, lembrei-me dos joelhos esfolados tratados com Merthiolate vermelho, aquele que deixava o ferimento com uma aparência ainda mais dantesca. Para o experimento ficar completo só faltei pedir para alguém assoprar minha mão após a aplicação da tintura. Mas quando o tão aguardado momento se concretiza, vem a frustração: esse Merthiolate com nova fórmula é um lixo, não faz nem cócega. Não arde mas também não cura, continuo com esse buraco purulento na mão. O jeito é procurar um remédio que não tenha se rendido à frescura generalizada dos dias atuais.

Nenhum comentário: